Estou com a telha

by - julho 15, 2020

Ontem, num scroll pelo facebook, vi um post com uma expressão muito típica do norte e com a qual me identifiquei de imediato: “Estou com a telha”. Para quem desconhece, significa estar com a neura. 


Todos, sem exceção, têm estas fases - e eu estou numa delas. Sinto que os efeitos do confinamento imposto pelo covid estão agora a dar sinal. Os primeiros tempos foram difíceis mas depois senti que me tinha habituado/adaptado. Estávamos todos em casa, encontrámos a nossa nova rotina, cada um com as suas tarefas profissionais e pessoais e sem darmos conta estivemos praticamente 4 meses assim. O verão chega e com ele traz dias mais longos, mais quentes, mais bonitos. Para a maioria das pessoas que conheço com ansiedade esta é a altura do ano mais tranquila. As férias, as esplanadas, o por-do-sol... são ingredientes perfeitos para relaxar. Pois fiquem sabendo que comigo é precisamente o contrário. Atenção: adoro o verão! Sou dos petiscos, dos passeios, da praia, da roupa descontraída, dos gelados ao fim da tarde... mas também sou da “cabeça que não desliga” e é nesta altura que a minha tem mais tempo para “inventar”. 

Desde que fui mãe que me obrigo a parar alguns dias no verão. Quando só parava aos fins de semana, os planos tinham que se encavalitar entre sábado e domingo, tornando a agenda – que é como quem diz, a cabeça – completamente cheia. Agora tenho tempo para mim e para os meus. 🙏🏼 Para os meus “meus” e para os meus dramas. E esse tempo deixa-me muitas vezes com a telha. 

Ao confinamento a que todos estamos sujeitos, junta-se um confinamento aconselhado pela junção ‘calor + último trimestre de gravidez’ e uma diminuição brusca da azáfama profissional. À exceção da mala de maternidade, sobra-me pouco ou nada para preparar – roupa lavada, passada e guardada, quarto pronto, compras feitas... basicamente, tudo com ✔ na “to do list” do baby. 
Quem ouve os meus desabafos também me relembra que tenho um blog. Que tenho “novidades” da segurança social para publicar. Que tenho com que me entreter. Mas a verdade é que o meu blog surge de muito estudo mas também de muita espontaneidade na escrita. E nestas alturas falta-me a vontade para escrever. Ainda para mais quando estou numa fase de zanga com a segurança social. Sim, também eu tenho os meus assuntos de cidadão por resolver. E se há coisa que não suporto é ter coisas por resolver. Não sou nada do arrastar, do deixar para amanhã. Nestas questões gosto do preto no branco, do tratado, do resolvido. Que seja por e-mail, por telefone, por atendimento presencial, mas que se resolva. E tenho muita dificuldade em aceitar quando se tenta resolver um assunto, se usa todos os meios ao dispor e se está há 2 meses à espera de uma resolução que é... corrigir um procedimento. 🤬

Hoje entretive-me neste desabafo convosco, em busca de inspiração e vontade para vos continuar a descomplicar a vida de "cidadão". 

É capaz de interessar

1 comentários