O primeiro
Sonhava com este dia há anos, podem crer!
Mesmo antes de ser mãe imaginava o dia em que entraria em Alvalade com um filho pela mão. Também eu entrei pela primeira vez (no velhinho Alvalade) de "mão" dada com a minha mãe e guardo na memória toda a excitação e entusiasmo desse dia. Lembro-me da data, da viagem, de não saber ao que ia, da surpresa que me fizeram, do adversário que defrontámos, dos golos, do resultado final. É certo que era bem mais velha do que o S é, mas quero acreditar que o gene da memória que parece ter herdado da mãe e a paixão verde e branca que lhe tenho transmitido desde que estava na barriga, façam deste um dia que ele não esqueça. Este dia estava prometido há alguns meses e a pergunta "quando vou contigo, mãe?" já tinha sido feita outras tantas vezes. Talvez por isso tenha sido com orgulho que saiu de casa, vestido a rigor e de cachecol na mão (não sem antes dizer "pai, já venho, vou com a mãe ao Sporting, ao futebol").
Assim que chegou à bancada parou espantado com a dimensão daquela casa, tão minha, tão - agora - nossa. O meu coração cresceu como nunca antes crescera quando demos a mão e cantámos juntos O mundo sabe que. E os meus olhos transbordaram a felicidade que não me cabia no peito quando gritámos "Goloooooo" juntos, pela primeira vez, em Alvalade!
Contra as expectativas dos mais cépticos aguentámos até ao fim, com imensas perguntas, com muitas explicações e respostas aos vizinhos do lado, mas sem recurso a qualquer manobra de diversão eletrónica. Tenho um filho que me enche de orgulho todos os dias. E hoje foi só mais um! 💚
Quis o destino que faltasse no meu livro de memórias uma visita a Alvalade acompanhada pelo meu avô. Mas onde quer que a nossa estrela esteja, sei que hoje, mais do que em qualquer outro dia, assistiu feliz ao legado que deixou.
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